Políticos pródigos em soluções de palanque, não costumam perder o sono com rotineiro descumprimento da palavra empenhada. Afinal, para muitos deles, infelizmente, a política é a arte do engodo. Alem disso, contam com a amnésia coletiva. – Carlos Alberto Di Franco, O Estado de São Paulo, 07/03/2011, Pg. 02
Em se tratando, entre outras coisas, de Planejamento Urbano, esta é, infelizmente, uma verdade que graça em nossas principais cidades, uma vez que a grande maioria dos nossos dirigentes está apenas e tão somente preocupados com as próximas eleições, quando eles almejam sua reeleição ou em muitos casos, legenda para pleitear novos cargos, eletivos é claro, sempre as custas do “seu povo”. Vejamos o caso da nossa São Paulo, onde tentaremos nos aprofundar nos seus problemas urbanos já mostrados anteriormente.
Degradação em centros urbanos (vide ‘cracolândia’, área incrustada na região central de São Paulo, entre Santa Ifigênia, Luz e Campos Elíseos). Há anos, fala-se da sua “reurbanização”, como se isso fosse necessário. A necessidade desta área é a desapropriação dos edifícios totalmente degradados e posterior reforma, para que possam vir a ter uma ocupação residencial, trazendo para lá uma população que hoje habita áreas de risco em periferias ou áreas de mananciais. Esta área, juntamente com outras já citadas, em bairros adjacentes como Barra Funda, Pari, Braz, Mooca entre outros, pode trazer uma população de aproximadamente 800.000 habitantes para a região central da cidade, que já conta com toda a infra estrutura necessária para suprir a demanda desta população, tais como luz e força, saneamento, transporte público, telefonia, sem falar em segurança pública. O custo destas desapropriações é infinitamente menor do que levar infra estrutura para locais distantes (por vezes mais de 40 km do centro da cidade) bem como a destruição de mananciais. O que se precisa para isso? Apenas planejamento e vontade política. Não precisamos de soluções mágicas, como as propostas para as favelas situadas na Av. Luiz Carlos Berrini esquina com a Av. Jornalista Roberto Marinho, bem como a favela do Real Parque. Nestes locais se propõe substituir as favelas por grandes “cortiços” como foram os Edifícios Mercúrio e São Vito, na região do Mercado Central. Propõe-se criar “novos bairros” com edifícios de até 16 andares, com apartamentos de aproximadamente 50 m², com alguns equipamentos urbanos. Ou seja, substitui-se a favela existente por uma aglomeração edifícios (cortições) em regiões que nunca tiveram nem nunca terão vocação para tal. Pergunto: onde estão os planejadores municipais? Não seriam estas apenas operações caça votos?
E as margens dos córregos que cortam nossa cidade? Criam-se favelas nestas margens, com a ‘conivência’ do poder constituído que “fingem não ver”. Estas aglomerações urbanas assoreiam os córregos propiciando seu transbordamento a cada chuva e levam detritos de todas as espécies para os Rios Tietê e Pinheiros, que já assoreados, transbordam e interditam as marginais. Qualquer dia, nossos administradores resolverão, com novas soluções mágicas, levar a estas “novas comunidades” os equipamentos urbanos e infra estrutura que as tornarão “novos bairros”, também sem as mínimas condições de habitabilidade.
Nossas vias públicas, como já dito anteriormente, em estado calamitoso, são ignoradas pelos nossos governantes. Há mais ou menos 15 dias, numa tarde em que choveu por aproximadamente 45 minutos, 170 árvores caíram sobre as ruas, algumas sobre automóveis, felizmente, nesta ocasião, não causando mais que danos materiais. Existe em nossa cidade lei municipal que proíbe que qualquer cidadão faça qualquer tipo “tratamento” destas árvores, das quais, a grande maioria já está danificada por doenças. Se uma pessoa, contribuinte, possui uma destas árvores dentro do seu terreno, para podá-la, precisa pedir autorização à Prefeitura que via de regra não autoriza. Para isso, deve contar com as autoridades do Departamento de Parques e Áreas Verdes, que por sua vez não possui servidores em número suficiente para atender a demanda, o que causa a já dita queda de árvores. Se porventura o contribuinte cortar ou apenas podar uma árvore “doente” dentro do seu imóvel, estará sujeito a processo, por parte do nosso Poder Constituído. As pistas de rolamento das nossas vias estão com pisos completamente irregulares, com buracos causados pelas chuvas (?!) ou remendos com desníveis de até 10 cm, executados pelas concessionárias de serviços públicos, sob a supervisão da Prefeitura através seus órgãos competentes, que não supervisiona nada. Isso ocorre na quase totalidade das vias públicas da nossa São Paulo. Um buraco entre a sarjeta de concreto e o piso asfáltico, na Rua Teodoro Sampaio, altura do número 2500, causado por má execução de reparos por uma concessionária, já tem quase dois meses, sem que ninguém tome alguma providência.
Voltarei a falar sobre estes e outros problemas que nos afligem, brasileiros paulistanos. Sei, de antemão, que nada ou muito pouco será feito para melhorar a nossa qualidade de vida, porquanto nosso “alcaide” está mais preocupado com política partidária, com o beneplácito dos nossos valorosos “edis” .